ACVPB institui Comenda homenageando Maria das Neves Pimentel

A jornalista Naná Garcez, diretora-presidenta da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), recebe no próximo dia 31, a Comenda Maria das Neves Pimentel, considerada a “Mãe do Cordel”. A entrega do honraria acontecerá dentro da programação do evento de posse da nova diretoria da Academia de Cordel do Vale do Paraíba (ACVPB). Filha do poeta e editor de cordel Francisco das Chagas Batista, ela nasceu em João Pessoa (PB) em 02 de agosto de 1913, tendo falecido em 15 de outubro de 1994.

“Ela foi a primeira mulher a publicar folhetos, em 1938. O folheto ‘O violino do diabo ou o valor da honestidade’ continua fazendo sucesso até os dias atuais. Por esses e outros motivos, nós a escolhemos para criar essa singela homenagem às pessoas que têm contribuindo na expansão da literatura de Cordel, principalmente no território paraibano”, diz Merlanio Maia, presidente da entidade.

Uma curiosidade sobre a trajetória de Neves Pimentel é que ela começou a publicar utilizando o pseudônimo “Altino Alagoano”, que era apelido de seu marido, Altino de Alencar Pimentel, com quem casou em 1933. A partir de 1970 tornou-se pública sua autoria.

Maria das Neves tem uma contribuição importante em trazer para o formato cordelístico histórias da chamada “Alta Literatura”, a exemplo de “O Corcunda de Notre Dame” (1935),”O amor nunca morre” (1938) e “O violino do diabo” (1938). Os pesquisadores da Literatura apontam que Neves Pimentel foi decisiva num novo prisma sobre os valores patriarcais vigentes, especialmente a questão da honra e das virtudes femininas.

Mesmo vivendo num contexto em que o machismo prevalecia, ela quebra o paradigma ao se tronar a primeira mulher a produzir e publicar folhetos de cordel rompendo desse modo a hegemonia de décadas de poetas e cantadores masculinos. Neves precisou ainda superar o fato de que, no âmbito familiar, o pai e os irmãos se tornaram os grandes nomes da poesia popular.

Naná

Naná Garcez possui uma longa folha corrida de contribuição à cultura popular da Paraíba. Desde sua atuação no jornalismo local até os dias atuais na condução da EPC. “Naná possui uma visão diferenciada sobre a importância da Literatura. A criação da Livraria Juca Pontes, dentro do Espaço Cultural é prova disso, Mais recentemente ela viabilizou o projeto Feira das Letras. A editora A União, sob seu comando, nos últimos anos, deu uma visível acelerada na edição de livros de autores da região”, lembra o também jornalista Dalmo Oliveira, vice-presidente da ACVPB.