Falta de incentivo prejudica produção cultural, diz poeta Sander Lee
A cena cultural paraibana tem avançado significativamente nos últimos anos, mas as dificuldades de sempre continuam a barrar uma ação mais forte dos grupos e produtores. Sem editais de incentivo à cultura desde que o Fundo de Incentivo à Cultura Augusto dos Anjos naufragou, nota-se um enfraquecimento na produção cultural
No setor de literatura, autores independentes continuam lançando seus livros em edições mínimas, persistindo aqui e ali agrupamentos voltados para a produção e difusão principalmente da poesia, como é o caso da Academia de Cordel do Vale do Paraíba, entidade fundada há cinco anos e que já vem se solidificando como uma das mais atuantes na Paraíba. Mesmo diante da sua importância como catalizadora da literatura de cordel, a instituição carece de reconhecimento e apoio, como confessa o cordelista e declamador Sander Lee, ex-Presidente da Academia: “A Academia de Cordel do Vale do Paraíba fomenta a cultura popular, desenvolve trabalho voluntário nas escolas, promove oficinas de xilo e construção do poema, atua no incentivo à leitura com sua “Biblioteca livre”, mas não dispõe de sede, mesmo tendo buscado uma sala em órgãos tais como Fundação Casa de José Américo, Secretaria de Cultura do Estado, Fundação Espaço Cultural e outros setores, sem sucesso. Ninguém quer abrigar uma Academia que representa um patrimônio cultural imaterial do Brasil”, lamentou.
A atual diretoria da Academia de Cordel entrou em contatos com a Prefeitura de Itabaiana, tendo o prefeito Lúcio Flávio Costa prometido uma sala na antiga estação ferroviária local, dependendo de alocação de recursos federais. “Não cremos que isso seja possível atualmente, com a paranoia ideológica do Presidente Bolsonaro em relação à arte, cuja primeira ação no governo foi extinguir o Ministério da Cultura”, opina Fábio Mozart, tesoureiro da Academia de Cordel.
Para Marconi Araújo, Presidente da Academia, resta ter esperança e torcer para que mais políticas públicas sejam executadas em 2020. “Oxalá tenhamos no próximo ano mais estímulo da iniciativa privada e entes públicos para que o cordel brasileiro chegue efetivamente às escolas, às praças, feiras e eventos, sendo que nossa Academia de Cordel continuará firme e vigilante na missão de garantir à literatura de cordel o papel que merece na cultura do país”, finalizou.