Lançamento do Cordel Coletivo “Os Machistas Não Aguentam Mulher Que Faz Terapia” no Museu dos Três Pandeiros
No fechamento do Mês da Mulher, no dia 29 de março de 2025, o Museu dos Três Pandeiros, em Campina Grande foi palco de um evento histórico para a cultura popular nordestina. Com a presença de autoridades da Universidade Estadual da Paraíba, professores, artistas, pesquisadores e apoiadores da cultura e do cordel, o lançamento da obra “Os Machistas Não Aguentam Mulher Que Faz Terapia” trouxe à tona a força e a resistência das mulheres na luta contra o machismo.
A obra, escrita a 16 mãos por 16 confreiras da Academia de Cordel do Vale do Paraíba (ACVPB), compõe-se de 29 estrofes em décimas. O cordel aborda a importância da terapia, o empoderamento feminino e a luta contra o silenciamento e a opressão. Essa iniciativa representa a voz das mulheres, convertida em verso, rima e resistência.
O evento contou com a presença das autoras:
• Anne Karolynne (Campina Grande)
• Annecy Venâncio (João Pessoa)
• Cristine Nobre (Guarabira)
• Joseilda Diniz (Campina Grande)
• Beth Baltar (João Pessoa)
• Marineuma de Oliveira (João Pessoa)
• Vera Adelino (São Miguel de Taipu)
• Dalva Estrela da Poesia (São José dos Ramos)
– Juliana Soares (Cabaceiras)
• Soledade Violeira (Alagoa Grande)
• Palloma Brito (Livramento)
A professora e pesquisadora Beth Baltar apresentou a obra, compartilhando suas reflexões sobre o processo criativo e destacando a importância de se romper com os estereótipos que historicamente silenciaram a voz da mulher nordestina. “Esta obra é fruto da união e da força de todas nós, que transformamos a dor em arte e a opressão em rima,” afirmou Beth, reforçando o caráter revolucionário do cordel coletivo.
A ACVPB, conhecida por sua tradição e por ser guardiã da cultura popular nordestina, enfrenta desafios na atual gestão, marcada por decisões unilaterais e práticas que têm colocado em risco a representatividade feminina. Nesse cenário, o cordel coletivo surge como um manifesto de resistência, reafirmando o papel do cordel como arte de transformação e de combate às desigualdades.
O lançamento do cordel contou com a presença de representantes da PROCULT, dos Pró-reitores, professores Andrade e Juarez Nogueira Lins, além de cobertura dos veículos de rádio e televisão em Campina Grande, que garantiram ampla divulgação do evento.
No mesmo evento, também foi realizado o lançamento do cordel “Biliu em Cordel”, de Rafael Melo, cuja fala de indignação frente ao machismo ecoou a mesma luta das poetisas. Outros confrades, como o cordelista e xilográfo Silas Silva e o professor Andrade, manifestaram publicamente seu apoio à causa.
O clima do evento foi de celebração e confraternização. Joseilda Diniz, curadora da sala “Paraíba – berço da cantoria, do cordel e das culturas populares”, no museu, declarou: “Estou grata a todos que fizeram este evento acontecer, pois, com sua presença e participação, restabelecemos nossa dignidade diante dos dias de desalento.”
A cordelista Sheilla Virgínia, que não pôde estar presente por questões de saúde, comentou: “Estou emocionada – já chorei e sorri – é lindo ver a gente se representando, mesmo que de longe.”
Vera Adelino destacou: “Que momento revigorante, um verdadeiro recomeço para nós!”
Palloma Brito também expressou sua alegria: “Estou muito feliz e satisfeita com essa tarde inesquecível; a energia que vem das mulheres da ACVPB é surreal.”
Juliana Soares destacou a potência e a força das mulheres unidas.
Anne Karolynne resumiu: “Que lançamento incrível! Que cordel, que confreiras maravilhosas – não há dúvidas da potência das mulheres da ACVPB.”
Beth Baltar finalizou: “Foi uma tarde memorável, com a presença de poetisas e pesquisadoras que fazem da ACVPB um espaço de resistência e transformação.”
O evento culminou com a performance da violeira Maria da Soledade, que encerrou o dia com uma ciranda das Marias, simbolizando a união, o respeito e a continuidade da luta pela voz feminina na cultura popular.
O lançamento do cordel coletivo “Os Machistas Não Aguentam Mulher Que Faz Terapia” marcou não apenas um momento de celebração artística, mas também um manifesto contra o machismo e pela igualdade de gênero na ACVPB. A obra e o evento reafirmam o compromisso das mulheres cordelistas de transformar a dor em arte e de lutar por um ambiente cultural verdadeiramente inclusivo.